Assinado: Felix (Jornalista e Professor)
TEATRO EM FOCO
A peça teatral "Luanda e a Capital" exibida pelo grupo Bando
Teatral Justiça e Arte, é uma pura estética da arte democrática. Uma arte com
um discurso variado de retrato dos problemas da província de Luanda, mas que
tem o seu centro a problemática dos problemas da capital. Uma vibração boa que
o espectador sente cada momento o azo do que se trata, afinal, todos nós,
naturais ou não de Luanda que vivemos nessa capital deslumbrada de tantas
dificuldades e problemas sócio- económicos e culturais e porque não políticos,
estes onde a corrupção também se retrata por essa imensidão.
Gostaria prolongar com a minha análise de um talvez amante da arte,
mas hoje não irei tão longe com minhas observações críticas no sentido mais
amplo e democrático como faço com o jornalismo e política. Meus agradecimentos
ao grupo, destacando o encenador ou responsável pela elaboração do texto que
chamo de tão límpido e bem cozido como o funje feito por qualquer mãe.
Aos autores insuperáveis, aqui destaco o personagem do juíz, que para
quem não o conhecia, só se deu conta que se trata de uma pessoa com
deficiência, mas toda superação e entrega, ultrapasam todas as dificuldades de
estar naquele palco. Por outro lado, a organização do grupo, colocaram-lhe no
mais alto e elevado lugar. Parabéns meu juiz pela graça superável.
Pelo actor Sambila e sua irmã Maianga toda dedicação, aos dois
polícias, a menina dactilógrafa, ao advogado de defesa com um discurso
jurisprudencial como aqueles de um tribunal toda minha admiração e
reconhecimento. Ao meu caro e admirável, Mateus Mateus, se me permita essa
denominação, meu discípulo antes, mas hoje eu é que preciso de toda sua mestria
de estar no palco e ser conduzido por ti com sua delicadeza de estar naquele
pobre palco do Teatro Elinga, que mesmo estando na baixa da cidade de Luanda,
de quem os problemas se transportam como a água da chuva ou do vizinho mar
transbordando na Mutamba vivida pelos jovens drogados, sem rumo e futuro, sem
escrupulo, enfim, é sem , sem , sem nada, só carregados do cheiro de álcool
pedindo cota dá-me um cem (Kz 100.00).
Mas, é nessa dimensão das
desigualdade e problemáticas dessa Luanda que o teatro se diferencia de outros
media e traz ao palco uma discussão que deveria ser feita nos jornais, Tvs e
rádios. É, no entanto, no velho teatro desfigurando do Elinga que o grupo fez
valer a sua voz de comunicação.
O Elinga pede socorro para sair da peste de falta de estrutura para
uma casa teatral em pleno século XXI, numa capital onde os preços dos produtos
são tão altos além da corrupção dos dirigentes do país. Tudo isso é uma forma
de enaltecer como é formidável nossa arte que se descobre e sai de forma
embrionária dos sítios cavernais como se fosse no antigamente o homem a
libertar-se da caverna, num sentido mais filosófico da própria arte.
Como disse, não vou adiantar muito do que poderia redigir desta peça
de teatro, mas não posso deixar de agradecer e de admirar a personagem Luanda,
dessa peça Luanda e a Capital, pela maior superação jamais vista. Ou seja, a
menos de 24 horas depois do funeral da irmã, ela teve que representar em palco
o grupo e superar toda a dor que carregava da morte da irmã.
Se numa primeira impressão considerei que faltou mais energia por
parte dela em alguns momentos por ser a mãe Luanda, agora digo que teve a maior
energia e sinergia de se renovar cada momento da narrativa do texto apresentado
para superar com mestria e orgulho fazer um teatro nessas condições e
pecabilidades do espaço temporal e estar presente naquele lugar com tanta
responsabildade e etiqueta. Para ti, sem demoras, o meu muito obrigado pela
dedicação e leveza de estares naquele palco mesmo com problemas. Grato e as
minhas desculpas de observador presente em espectador sem saber o que se
passava com você, minha, tua e nossa Luanda.
A todos nós sujeitos a nossa
gratidão de encararmos um grupo que fala e escreve comunicação através do
teatro e superar alguns problemas dessa Luanda e a Capital que andam
distanciados, mas o amor se converte-lhes em uma união familiar. Este foi o
final feliz da peça que se apresentava em toda narrativa como conturbada e
confusa de seus personagens devido aos acentuais problemas que muito conhecemos
da Luanda e a Capital.
OBRIGADO A TODOS QUE ASSISTIRAM A PEÇA. VALE
A PENA VER.
Assinado:
Felix (Jornalista e Professor)