Oxóssi
Oxóssi (no candomblé, mas oxósse no omolocô) é o orixá da
caça, florestas, dos animais, da fartura, do sustento. Está nas refeições, pois
é quem provê o alimento. É a ligeireza, a astúcia, a sabedoria, o jeito
ardiloso para capturar a caça. É um orixá de contemplação, amante das artes e
das coisas belas. É o caçador de axé, aquele que busca as coisas boas para um
ilé, aquele que caça as boas influências e as energias positivas.
O que encontramos no dia a dia no almoço, no jantar,
enfim, em todas as refeições, pois é ele quem provê o alimento. Na África
antiga, Oxóssi era considerado o guardião dos caçadores, pois cabia a eles
trazer o sustento para a tribo. Hoje, Oxóssi é quem protege aquelas pessoas que
saem todos os dias para o trabalho, para trazer o sustento. Oxóssi também está
ligado às artes [carece de fontes].
Ele está presente no ato da pintura de um quadro; na confecção de uma
escultura; na composição de uma música; nos passos de uma dança; nas misturas
de cores; na escrita de um poema, de um romance de uma crônica. Está na arte em
um modo geral, desde o canto dos pássaros, da cigarra, ao canto do homem.
Oxóssi também rege o revoar dos pássaros, a evolução
das pequenas aves. Oxóssi é a vontade de cantar, de escrever, de pintar, de
esculpir, de dançar, de plantar, de colher, de caçar, de viver com dinamismo e otimismo.
Oxóssi é a divindade da cultura, passando para seus filhos grandes talentos
artísticos, seja no canto, na criação de livros, pinturas etc.
Curiosamente, Oxóssi também é a comodidade, a vontade
de admirar, de contemplar. Oxóssi é um pouco de preguiça, a vontade de nada
fazer, senão pensar e, quem sabe, criar.
Em seu lado negativo, pode estar presente também na
falta de alimento; no pouco plantio; no apodrecimento de frutas, legumes e
verduras; e até mesmo na arte mal acabada, inacabada ou de mau gosto. O
elemento de Oxóssi é a terra e a liberdade de expressão, a liberdade para viver
da maneira que somos. Sua saudação é "okê arô" ou, simplesmente,
"okê".
Etimologia
O nome Oxóssi vem do termo iorubá oṣóòsi ou òsò wúsí, que significa
"o guardião é popular", "caçador ou guardião popular",
"feiticeiro da esquerda" ou "feiticeiro", pois Oxóssi é um
grande e apto feiticeiro, tendo aprendido a lidar com as magias das folhas, dos
animais e da natureza após ter descoberto os segredos das Iyámi - Òsóòróngá e
após ter matado um dos pássaros das Eleyés e ter livrado o povo de Ketu do
feitiço, razão pela qual se tornou o rei e soberano de Ketu.
Também é chamado de Odé, que vem do termo iorubá odẹ,
que significa "caçador", um adjetivo, devido ao fato de Oxóssi ser o
guardião dos caçadores que caçam para obter seu sustento e o de sua família.
África
Assentos de
Oxóssi e Ossain no terreiro de candomblé
Ile Ase Ijino Ilu Orossi, em Salvador
Pierre Verger, em seu livro Orixás, diz que o
culto de Oxóssi foi praticamente extinto na região de Ketu, na Iorubalândia,
uma vez que a maioria de seus sacerdotes foi escravizada, tendo sido enviados à
força para o Novo Mundo ou mortos. Aqueles que permaneceram em Ketu deixaram de
cultuá-lo por não se lembrarem mais como realizar os ritos apropriados ou por
passarem a cultuar outras divindades.
Brasil
Durante a diáspora negra, muitos escravos que
cultuavam Oxóssi não sobreviveram aos rigores do tráfico negreiro e do cativeiro, mas, ainda
assim, o culto foi preservado no Brasil e em Cuba pelos sacerdotes sobreviventes e Oxóssi se transformou,
no Brasil, num dos orixás mais populares, tanto no candomblé,
onde se tornou o rei da nação Ketu, quanto na umbanda,
onde é patrono da linha dos caboclos, uma das mais ativas da
religião.
Seu habitat é a floresta, sendo simbolizado
pela cor verde na umbanda, e recebendo a cor azul clara no candomblé, mas
podendo usar, também, a cor prateada nesse último. Sendo assim, roupas, guias e
contas costumam ser confeccionadas nessas cores, incluindo, entre as guias e
contas, no caso de Oxóssi e, também, seus caboclos, elementos que recordem a
floresta, tais como penas e sementes.
Seus instrumentos de culto são o ofá (arco e flecha),
lanças, facas e demais objetos de caça. É um caçador tão habilidoso que costuma
ser homenageado com o epíteto "o caçador de uma flecha só", pois
atinge o seu alvo no primeiro e único disparo tamanha a precisão. Conta a lenda
que um pássaro maligno ameaçava a aldeia e Oxóssi era caçador, como outros. Ele
só tinha uma flecha para matar o pássaro e não podia errar. Todos os outros já
haviam errado o alvo. Ele não errou, e salvou a aldeia. Daí o epíteto "o
caçador de uma flecha só".
Come tudo quanto é caça e o dia a ele consagrado é
quinta-feira.
Oxossi Ibualama (ou Odé Ibo) é uma das maiores qualidade de
Oxóssi (é a qualidade do Oxóssi de Mãe Stella de Oxóssi),
marido de Oxum
Ipondá e pai de Logunedé. Como os demais Oxóssis, é caçador, rei de Ketu e usa
ofá (arco e flecha), mas se veste de couro, com chapéu e chicote.
Um Oxóssi azul, Otin, usa capanga e lança.
Vive no mato a caçar. Come toda espécie de caça, mas gosta muito de búfalo.
Oxóssi é a expansão dos limites, do seu campo de ação,
enquanto a caça é uma metáfora para o conhecimento, a expansão maior da vida.
Ao atingir o conhecimento, Oxóssi acerta o seu alvo. Por este motivo, é um dos
Orixás ligados ao campo do ensino, da cultura, da arte. Nas antigas tribos
africanas, cabia ao caçador, que era quem penetrava o mundo "de
fora", a mata, trazer tanto a caça quanto as folhas medicinais. Além, eram
os caçadores que localizavam os locais para onde a tribo poderia futuramente
mudar-se, ou fazer uma roça. Assim, o orixá da caça extensivamente é
responsável pela transmissão de conhecimento, pelas descobertas. O caçador
descobre o novo local, mas são os outros membros da tribo que instalam a tribo
neste mesmo novo local. Assim, Oxóssi representa a busca pelo conhecimento
puro: a ciência, a filosofia. Enquanto cabe a Ogum a transformação deste
conhecimento em técnica.
Apesar de ser possível fazer preces e oferendas a
Oxóssi para os mais diversas facetas da vida, pelas características de expansão
e fartura desse orixá, os fiéis costumam solicitar o seu auxílio para
solucionar problemas no trabalho e desemprego. Afinal, a busca pelo pão de cada
dia, a alimentação da tribo, costumeiramente cabe aos caçadores.
Arquétipo
Seus filhos são alegres e joviais, muito falantes,
nervosos e inseguros, embora não transmitam essas emoções, pelo contrário, sua
companhia é agradável e estimulante.
Em alguns momentos, são agressivos e francos a ponto
de serem grosseiros, porém, a simpatia que ele irradia faz com que sempre
esteja rodeado por um grupo ativo e dinâmico. Místicos e intuitivos, são
dotados de notável rapidez mental, gostam de ouvir conselhos e orientações, mas
esquecem tudo na hora de agir, tornando-se, então, precipitados, sem lógica e, por
vezes, indecisos: acompanhá-los não é fácil.
Tem muitos amigos, mas não gosta de intimidade
excessiva. É amável e acolhedor, mas reserva-se bastante. Deixa-se levar por
elogios, o que lhe traz alguns dissabores na vida. Fala e escreve muito bem,
excelente coordenador de atividades, distribui bem as tarefas de cada um, só
que para ele nunca sobra nada para fazer embora pareça ser o mais ativo de
todos. É inventivo e original em seus planos, é astuto e sagaz, mas também é
impaciente com os lentos, com os calmos e reflexivos, deixando para trás
aqueles que não acompanham seu ritmo ativo. Movimento e mudanças são uma
constante para ele, suas ideias mudam quando menos se espera, nada está
estabelecido, sujeito a experimentar novas sensações e emoções, pois para ele
tudo é possível de sofrer alterações.
Aprecia discussões pelo prazer de vencer
intelectualmente ideias opostas as suas, é afetuoso, generoso e sensível, mas
atitudes apaixonadas e ardentes não fazem parte deste arquétipo, ele se
interessa mais pelos aspectos intelectuais em suas relações. A monotonia
entedia o filho de Oxóssi, que precisa sempre ser estimulado, esses estímulos
são trazidos pelas inovações e mudanças, assim ele consegue manter-se
interessado e produzir. Como é um pensador independente tem dificuldade em
aceitar opiniões diferentes das suas, trabalhar em equipe é desgastante se
tiver que enfrentar conflitos constantes.
Estão sempre prontos para ajudar, porém não toleram
que abusem de sua ajuda ou tirem proveito dele. Muito sentimentais, os filhos
de Oxóssi precisam do conforto do amor, mas quando se envolve e percebe que sua
liberdade fica comprometida recua assustado, mas quando bem harmonizado
intelectualmente, e sentindo-se livre mantém-se num relacionamento estável.
Provavelmente, quem inventou o casamento em casas separadas foi um filho de
Oxóssi. Entretanto são muito românticos.
Sua personalidade independente exige que ele tenha um
canto só seu onde nada e ninguém o perturbe, ali ele se reequilibra e recupera
seu delicado sistema nervoso, ele é como o mercúrio: ele desliza, é difícil
mantê-lo estável, quando é comprimido foge e se divide, só pode ser controlado,
nunca pressionado. É atraído pela beleza, pelo otimismo, pela inteligência e
pelo bom humor. Aprecia que seu companheiro tenha interesses diversos dos seus,
sente-se então enriquecido pelas experiências que lhe são relatadas, os
desafios em conjunto o fascinam, já uma pessoa rígida com poucos objetivos
pessoais o entedia. A vida familiar pode ser uma boa base para o filho de
Oxóssi, desde que seja estimulado em suas ideias e tenha livre expressão o
convívio com a família será revigorante para ele.
Os assuntos secretos, o ocultismo e o esoterismo o
atraem, um relacionamento cármico será possível para ele, pois está aberto a
reconhecê-lo em todos os níveis, tirando dele o aprendizado necessário. A vida
amorosa não tem para ele a mesma importância que para os filhos de outros
orixás. Porém, são voltados para o lado sexual, sentindo grande necessidade de
um companheiro (a).
O filho de Oxóssi tem aptidões múltiplas, gosta do
estímulo mental constante e procura sempre novidade no que faz, essas
características norteiam sua vida profissional. Quando tem um projeto em
andamento, sua atividade redobra e é capaz de gastar muita energia para
desenvolvê-lo. O esgotamento que a dedicação intensa ao trabalho provoca é
capaz de afetar seu sistema nervoso sensível.
O filho deste Orixá precisa aprender que para
construir uma carreira bem sucedida é preciso que ele seja prático no seu
idealismo, essa realidade é, às vezes um pouco difícil de ser encarada por ele.
O perfeccionismo, a minuciosidade e a imaginação que põe em seu trabalho faz
com que seja o melhor em sua especialidade. Responsabilidades monótonas e
burocráticas deprimem o seu espírito, ele está melhor situado em um trabalho onde
puder traçar planejamentos e realizar mudanças. Toma decisões rapidamente e é
bom para enfrentar crises, mas distraído com pequenos detalhes.
O filho de Oxóssi é pouco conservador, possui
múltiplos interesses, não analisa qualquer assunto por um tempo maior, sua
atuação seria, partindo do interesse que algo lhe provoca, observar, emitir um
conceito próprio e ir adiante, atrás de novidade. Não consegue se deter tempo
suficiente para conhecer profundamente algum assunto, mais conhece um pouco de
tudo. Gosta de companhia, faz parte do seu temperamento alegre. As crianças o
adoram, dá bastante liberdade e as estimula a variar a suas atividades, embora
seja falho no lado disciplinar. Não é ciumento e não quer ser alvo de ciúmes
nem quer que sua liberdade seja tolhida por causa dele, alguns filhos de Oxóssi
com problemas emocionais e profissionais passam por períodos de depressão, pode
ser vitima de tramas traiçoeiras e pode ter atos e palavras mal interpretados.
A filha de Oxóssi é uma intelectual, embora administre
bem o seu lar passa pouco tempo dentro dele, prefere o ambiente profissional ou
a vida em sociedade. O homem que se casa com essa mulher casa com muitas
mulheres diferentes ao mesmo tempo, pode surpreender sempre é criativa
divertida, curiosa por qualquer novidade, fiel e dedicada, variar é seu ponto
forte a parte física de uma relação é a que menos interessa a mulher de Oxóssi
ela se aproxima de alguém que a atraia mental e espiritualmente. Gosta de
discutir, é muito temperamental é petulante e fala para ferir quando está
brigando. Como mãe, é maravilhosa. Ensinará aos filhos a independência, será
imaginativa e amorosa e organizará para eles muitas atividades estimulantes . A
traição não está na natureza da filha de Oxóssi ela jamais sacrificaria lar e
filhos por uma aventura.
Oxossi na
Umbanda
Oxóssi na Umbanda é considerado patrono da linha dos caboclos,
atuando para o bem-estar físico e espiritual dos seres humanos.
Segundo esta religião, Oxóssi é figura representativa
de uma das sete forças principais de Deus: a força da luta, do trabalho, da
providência e da afirmação positiva. Assim, para a Umbanda,
Oxóssi representa uma das sete forças primordiais de Deus, pertencendo ao pólo
positivo das energias espirituais, expandindo, irradiando e impelindo os seres
para a construção vigorosa de seus destinos, bem como garantindo que os mais
fragilizados encontrem doutrinação firme e amorosa, desenvolvendo seu saber
religioso e sua fé.
A figura de Oxóssi tem origem na mitologia africana,
para a qual seria um antepassado africano divinizado, filho de Yemanjá,
irmão de Omulu-Obaluayê e rei da cidade de Oyó, localizada na África sudanesa -
de onde provêm os povos nagô (keto, ijexá e oyó) e mina-jeje. Também é
considerado o caçador por excelência; o arqueiro de uma flecha só - sempre
certeira.
A Umbanda, considerada por muitos como fundada em 1908, é expressão do
sincretismo ocorrido no Brasil em razão da perseguição religiosa aos cultos
africanos. Por reunir elementos africanos, espiritualistas e cristãos, a figura
de Oxóssi pode aparecer, muitas vezes, misturada à figura católica de São Sebastião, nos estados de São Paulo,
Rio de
Janeiro e estados do demais centro -sul do Brasil,
e São Jorge,
no estado da Bahia.
Ritos, símbolos e oferendas
Por não ser uma religião codificada, a Umbanda
apresenta variação de ritos, símbolos e oferendas.
Em geral, considera-se que o dia de Oxóssi é
quinta-feira e seu símbolo seria o arco e a flecha em ferro fundidos.
As oferendas a Oxóssi na Umbanda
- consideradas pela grande maioria de seus seguidores como ritos que
potencializam a energia dos Orixás - são de elementos correlatos à do chacra
do plexo solar,
bem como ao comprimento de onda de cor amarela. Assim, suas oferendas haveriam
de se aproximar de tal padrão energético, seja pela cor do elemento, seja por
sua composição. Alguns exemplos de oferendas comuns em vários centros e tendas
umbandistas: milho cozido; côco em lascas; girassol; rosas brancas; velas
brancas, amarelas e verdes, cerveja; licor de caju; flores do campo; entre
outros.
No Rio de Janeiro, São Paulo e demais estados do
Centro-Sul do Brasil consideram São Sebastião como sincretismo de Oxossi
(comemorado no 20 de janeiro); na Bahia o sincretismo de Oxossi é com São
Jorge.
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