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quinta-feira, 7 de junho de 2018

ANGOLANO INACABADO

Saudações e amaços
Abraços e saudações

No imenso calor humano
venceu o frio tímido

No escuro lúcido
A vitoria sorriu no amargo

Profundamente triste e cauteloso
Pois timidez e frescura não fazem mal sempre

Vestido  da clareza nacional
Ecoa a superação afecto- emocional

Malandra-mente, eu afoguei o odio
Sedutora-mente, consegui o amor

Sou, o pedaço disse o ódio mais amor inacreditável
E inacabável nos olhos Angolano


PAU DE BAMBU 30-06-2015




quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

OXOSI - DEUSES DE ÁFRIKA



Oxóssi

Oxóssi (no candomblé, mas oxósse no omolocô) é o orixá da caça, florestas, dos animais, da fartura, do sustento. Está nas refeições, pois é quem provê o alimento. É a ligeireza, a astúcia, a sabedoria, o jeito ardiloso para capturar a caça. É um orixá de contemplação, amante das artes e das coisas belas. É o caçador de axé, aquele que busca as coisas boas para um ilé, aquele que caça as boas influências e as energias positivas.
O que encontramos no dia a dia no almoço, no jantar, enfim, em todas as refeições, pois é ele quem provê o alimento. Na África antiga, Oxóssi era considerado o guardião dos caçadores, pois cabia a eles trazer o sustento para a tribo. Hoje, Oxóssi é quem protege aquelas pessoas que saem todos os dias para o trabalho, para trazer o sustento. Oxóssi também está ligado às artes [carece de fontes]. Ele está presente no ato da pintura de um quadro; na confecção de uma escultura; na composição de uma música; nos passos de uma dança; nas misturas de cores; na escrita de um poema, de um romance de uma crônica. Está na arte em um modo geral, desde o canto dos pássaros, da cigarra, ao canto do homem.
Oxóssi também rege o revoar dos pássaros, a evolução das pequenas aves. Oxóssi é a vontade de cantar, de escrever, de pintar, de esculpir, de dançar, de plantar, de colher, de caçar, de viver com dinamismo e otimismo. Oxóssi é a divindade da cultura, passando para seus filhos grandes talentos artísticos, seja no canto, na criação de livros, pinturas etc.
Curiosamente, Oxóssi também é a comodidade, a vontade de admirar, de contemplar. Oxóssi é um pouco de preguiça, a vontade de nada fazer, senão pensar e, quem sabe, criar.
Em seu lado negativo, pode estar presente também na falta de alimento; no pouco plantio; no apodrecimento de frutas, legumes e verduras; e até mesmo na arte mal acabada, inacabada ou de mau gosto. O elemento de Oxóssi é a terra e a liberdade de expressão, a liberdade para viver da maneira que somos. Sua saudação é "okê arô" ou, simplesmente, "okê".

Etimologia
O nome Oxóssi vem do termo iorubá oóòsi ou òsò wúsí, que significa "o guardião é popular", "caçador ou guardião popular", "feiticeiro da esquerda" ou "feiticeiro", pois Oxóssi é um grande e apto feiticeiro, tendo aprendido a lidar com as magias das folhas, dos animais e da natureza após ter descoberto os segredos das Iyámi - Òsóòróngá e após ter matado um dos pássaros das Eleyés e ter livrado o povo de Ketu do feitiço, razão pela qual se tornou o rei e soberano de Ketu.
Também é chamado de Odé, que vem do termo iorubá odẹ, que significa "caçador", um adjetivo, devido ao fato de Oxóssi ser o guardião dos caçadores que caçam para obter seu sustento e o de sua família.


África
Assentos de Oxóssi e Ossain no terreiro de candomblé Ile Ase Ijino Ilu Orossi, em Salvador
Pierre Verger, em seu livro Orixás, diz que o culto de Oxóssi foi praticamente extinto na região de Ketu, na Iorubalândia, uma vez que a maioria de seus sacerdotes foi escravizada, tendo sido enviados à força para o Novo Mundo ou mortos. Aqueles que permaneceram em Ketu deixaram de cultuá-lo por não se lembrarem mais como realizar os ritos apropriados ou por passarem a cultuar outras divindades.

Brasil
Durante a diáspora negra, muitos escravos que cultuavam Oxóssi não sobreviveram aos rigores do tráfico negreiro e do cativeiro, mas, ainda assim, o culto foi preservado no Brasil e em Cuba pelos sacerdotes sobreviventes e Oxóssi se transformou, no Brasil, num dos orixás mais populares, tanto no candomblé, onde se tornou o rei da nação Ketu, quanto na umbanda, onde é patrono da linha dos caboclos, uma das mais ativas da religião.
Seu habitat é a floresta, sendo simbolizado pela cor verde na umbanda, e recebendo a cor azul clara no candomblé, mas podendo usar, também, a cor prateada nesse último. Sendo assim, roupas, guias e contas costumam ser confeccionadas nessas cores, incluindo, entre as guias e contas, no caso de Oxóssi e, também, seus caboclos, elementos que recordem a floresta, tais como penas e sementes.
Seus instrumentos de culto são o ofá (arco e flecha), lanças, facas e demais objetos de caça. É um caçador tão habilidoso que costuma ser homenageado com o epíteto "o caçador de uma flecha só", pois atinge o seu alvo no primeiro e único disparo tamanha a precisão. Conta a lenda que um pássaro maligno ameaçava a aldeia e Oxóssi era caçador, como outros. Ele só tinha uma flecha para matar o pássaro e não podia errar. Todos os outros já haviam errado o alvo. Ele não errou, e salvou a aldeia. Daí o epíteto "o caçador de uma flecha só".
Come tudo quanto é caça e o dia a ele consagrado é quinta-feira.
Oxossi Ibualama (ou Odé Ibo) é uma das maiores qualidade de Oxóssi (é a qualidade do Oxóssi de Mãe Stella de Oxóssi), marido de Oxum Ipondá e pai de Logunedé. Como os demais Oxóssis, é caçador, rei de Ketu e usa ofá (arco e flecha), mas se veste de couro, com chapéu e chicote.
Um Oxóssi azul, Otin, usa capanga e lança. Vive no mato a caçar. Come toda espécie de caça, mas gosta muito de búfalo.

Oxóssi é a expansão dos limites, do seu campo de ação, enquanto a caça é uma metáfora para o conhecimento, a expansão maior da vida. Ao atingir o conhecimento, Oxóssi acerta o seu alvo. Por este motivo, é um dos Orixás ligados ao campo do ensino, da cultura, da arte. Nas antigas tribos africanas, cabia ao caçador, que era quem penetrava o mundo "de fora", a mata, trazer tanto a caça quanto as folhas medicinais. Além, eram os caçadores que localizavam os locais para onde a tribo poderia futuramente mudar-se, ou fazer uma roça. Assim, o orixá da caça extensivamente é responsável pela transmissão de conhecimento, pelas descobertas. O caçador descobre o novo local, mas são os outros membros da tribo que instalam a tribo neste mesmo novo local. Assim, Oxóssi representa a busca pelo conhecimento puro: a ciência, a filosofia. Enquanto cabe a Ogum a transformação deste conhecimento em técnica.
Apesar de ser possível fazer preces e oferendas a Oxóssi para os mais diversas facetas da vida, pelas características de expansão e fartura desse orixá, os fiéis costumam solicitar o seu auxílio para solucionar problemas no trabalho e desemprego. Afinal, a busca pelo pão de cada dia, a alimentação da tribo, costumeiramente cabe aos caçadores.

Arquétipo
Seus filhos são alegres e joviais, muito falantes, nervosos e inseguros, embora não transmitam essas emoções, pelo contrário, sua companhia é agradável e estimulante.
Em alguns momentos, são agressivos e francos a ponto de serem grosseiros, porém, a simpatia que ele irradia faz com que sempre esteja rodeado por um grupo ativo e dinâmico. Místicos e intuitivos, são dotados de notável rapidez mental, gostam de ouvir conselhos e orientações, mas esquecem tudo na hora de agir, tornando-se, então, precipitados, sem lógica e, por vezes, indecisos: acompanhá-los não é fácil.
Tem muitos amigos, mas não gosta de intimidade excessiva. É amável e acolhedor, mas reserva-se bastante. Deixa-se levar por elogios, o que lhe traz alguns dissabores na vida. Fala e escreve muito bem, excelente coordenador de atividades, distribui bem as tarefas de cada um, só que para ele nunca sobra nada para fazer embora pareça ser o mais ativo de todos. É inventivo e original em seus planos, é astuto e sagaz, mas também é impaciente com os lentos, com os calmos e reflexivos, deixando para trás aqueles que não acompanham seu ritmo ativo. Movimento e mudanças são uma constante para ele, suas ideias mudam quando menos se espera, nada está estabelecido, sujeito a experimentar novas sensações e emoções, pois para ele tudo é possível de sofrer alterações.
Aprecia discussões pelo prazer de vencer intelectualmente ideias opostas as suas, é afetuoso, generoso e sensível, mas atitudes apaixonadas e ardentes não fazem parte deste arquétipo, ele se interessa mais pelos aspectos intelectuais em suas relações. A monotonia entedia o filho de Oxóssi, que precisa sempre ser estimulado, esses estímulos são trazidos pelas inovações e mudanças, assim ele consegue manter-se interessado e produzir. Como é um pensador independente tem dificuldade em aceitar opiniões diferentes das suas, trabalhar em equipe é desgastante se tiver que enfrentar conflitos constantes.
Estão sempre prontos para ajudar, porém não toleram que abusem de sua ajuda ou tirem proveito dele. Muito sentimentais, os filhos de Oxóssi precisam do conforto do amor, mas quando se envolve e percebe que sua liberdade fica comprometida recua assustado, mas quando bem harmonizado intelectualmente, e sentindo-se livre mantém-se num relacionamento estável. Provavelmente, quem inventou o casamento em casas separadas foi um filho de Oxóssi. Entretanto são muito românticos.
Sua personalidade independente exige que ele tenha um canto só seu onde nada e ninguém o perturbe, ali ele se reequilibra e recupera seu delicado sistema nervoso, ele é como o mercúrio: ele desliza, é difícil mantê-lo estável, quando é comprimido foge e se divide, só pode ser controlado, nunca pressionado. É atraído pela beleza, pelo otimismo, pela inteligência e pelo bom humor. Aprecia que seu companheiro tenha interesses diversos dos seus, sente-se então enriquecido pelas experiências que lhe são relatadas, os desafios em conjunto o fascinam, já uma pessoa rígida com poucos objetivos pessoais o entedia. A vida familiar pode ser uma boa base para o filho de Oxóssi, desde que seja estimulado em suas ideias e tenha livre expressão o convívio com a família será revigorante para ele.
Os assuntos secretos, o ocultismo e o esoterismo o atraem, um relacionamento cármico será possível para ele, pois está aberto a reconhecê-lo em todos os níveis, tirando dele o aprendizado necessário. A vida amorosa não tem para ele a mesma importância que para os filhos de outros orixás. Porém, são voltados para o lado sexual, sentindo grande necessidade de um companheiro (a).
O filho de Oxóssi tem aptidões múltiplas, gosta do estímulo mental constante e procura sempre novidade no que faz, essas características norteiam sua vida profissional. Quando tem um projeto em andamento, sua atividade redobra e é capaz de gastar muita energia para desenvolvê-lo. O esgotamento que a dedicação intensa ao trabalho provoca é capaz de afetar seu sistema nervoso sensível.
O filho deste Orixá precisa aprender que para construir uma carreira bem sucedida é preciso que ele seja prático no seu idealismo, essa realidade é, às vezes um pouco difícil de ser encarada por ele. O perfeccionismo, a minuciosidade e a imaginação que põe em seu trabalho faz com que seja o melhor em sua especialidade. Responsabilidades monótonas e burocráticas deprimem o seu espírito, ele está melhor situado em um trabalho onde puder traçar planejamentos e realizar mudanças. Toma decisões rapidamente e é bom para enfrentar crises, mas distraído com pequenos detalhes.
O filho de Oxóssi é pouco conservador, possui múltiplos interesses, não analisa qualquer assunto por um tempo maior, sua atuação seria, partindo do interesse que algo lhe provoca, observar, emitir um conceito próprio e ir adiante, atrás de novidade. Não consegue se deter tempo suficiente para conhecer profundamente algum assunto, mais conhece um pouco de tudo. Gosta de companhia, faz parte do seu temperamento alegre. As crianças o adoram, dá bastante liberdade e as estimula a variar a suas atividades, embora seja falho no lado disciplinar. Não é ciumento e não quer ser alvo de ciúmes nem quer que sua liberdade seja tolhida por causa dele, alguns filhos de Oxóssi com problemas emocionais e profissionais passam por períodos de depressão, pode ser vitima de tramas traiçoeiras e pode ter atos e palavras mal interpretados.
A filha de Oxóssi é uma intelectual, embora administre bem o seu lar passa pouco tempo dentro dele, prefere o ambiente profissional ou a vida em sociedade. O homem que se casa com essa mulher casa com muitas mulheres diferentes ao mesmo tempo, pode surpreender sempre é criativa divertida, curiosa por qualquer novidade, fiel e dedicada, variar é seu ponto forte a parte física de uma relação é a que menos interessa a mulher de Oxóssi ela se aproxima de alguém que a atraia mental e espiritualmente. Gosta de discutir, é muito temperamental é petulante e fala para ferir quando está brigando. Como mãe, é maravilhosa. Ensinará aos filhos a independência, será imaginativa e amorosa e organizará para eles muitas atividades estimulantes . A traição não está na natureza da filha de Oxóssi ela jamais sacrificaria lar e filhos por uma aventura.

Oxossi na Umbanda
Oxóssi na Umbanda é considerado patrono da linha dos caboclos, atuando para o bem-estar físico e espiritual dos seres humanos.
Segundo esta religião, Oxóssi é figura representativa de uma das sete forças principais de Deus: a força da luta, do trabalho, da providência e da afirmação positiva. Assim, para a Umbanda, Oxóssi representa uma das sete forças primordiais de Deus, pertencendo ao pólo positivo das energias espirituais, expandindo, irradiando e impelindo os seres para a construção vigorosa de seus destinos, bem como garantindo que os mais fragilizados encontrem doutrinação firme e amorosa, desenvolvendo seu saber religioso e sua fé.
A figura de Oxóssi tem origem na mitologia africana, para a qual seria um antepassado africano divinizado, filho de Yemanjá, irmão de Omulu-Obaluayê e rei da cidade de Oyó, localizada na África sudanesa - de onde provêm os povos nagô (keto, ijexá e oyó) e mina-jeje. Também é considerado o caçador por excelência; o arqueiro de uma flecha só - sempre certeira.
A Umbanda, considerada por muitos como fundada em 1908, é expressão do sincretismo ocorrido no Brasil em razão da perseguição religiosa aos cultos africanos. Por reunir elementos africanos, espiritualistas e cristãos, a figura de Oxóssi pode aparecer, muitas vezes, misturada à figura católica de São Sebastião, nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e estados do demais centro -sul do Brasil, e São Jorge, no estado da Bahia.
Ritos, símbolos e oferendas
Por não ser uma religião codificada, a Umbanda apresenta variação de ritos, símbolos e oferendas.
Em geral, considera-se que o dia de Oxóssi é quinta-feira e seu símbolo seria o arco e a flecha em ferro fundidos.
As oferendas a Oxóssi na Umbanda - consideradas pela grande maioria de seus seguidores como ritos que potencializam a energia dos Orixás - são de elementos correlatos à do chacra do plexo solar, bem como ao comprimento de onda de cor amarela. Assim, suas oferendas haveriam de se aproximar de tal padrão energético, seja pela cor do elemento, seja por sua composição. Alguns exemplos de oferendas comuns em vários centros e tendas umbandistas: milho cozido; côco em lascas; girassol; rosas brancas; velas brancas, amarelas e verdes, cerveja; licor de caju; flores do campo; entre outros.
No Rio de Janeiro, São Paulo e demais estados do Centro-Sul do Brasil consideram São Sebastião como sincretismo de Oxossi (comemorado no 20 de janeiro); na Bahia o sincretismo de Oxossi é com São Jorge.



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terça-feira, 6 de dezembro de 2016

IBEJI OU EGBEJI



África




Ìbejì ou Ìgbejì é divindade gémea da vida, protetor dos gémeos na mitologia iorubá, identificado no jogo do merindilogun pelos odus ejioko e iká. Dá-se o nome de Taiwo ao primeiro gémeo gerado e o de Kehinde ao último. Os Yorùbá acreditam que era Kehinde quem mandava Taiwo supervisionar o mundo, donde a hipótese de ser aquele o irmão mais velho.


Etimologia
"Ibeji" é uma junção dos termos iorubas ibi, nascimento, e eji, dois.
Cada gêmeo é representado por uma imagem. Os iorubás colocam alimentos sobre suas imagens para invocar a benevolência de Ìbejì. Os pais de gêmeos costumam fazer sacrifícios a cada oito dias em sua honra.


O animal tradicionalmente associado a Ìbejì é o macaco colobo, um cercopiteco endêmico nas florestas da África subsariana. A espécie em questão é o Colobus polykomos, ou colobo-real, que é acompanhado de uma grande mística entre os povos africanos. Eles possuem coloração preta, com detalhes brancos, e pelas manhãs eles ficam acordados em silêncio no alto das árvores, como se estivessem em oração ou contemplação, daí eles serem considerados por vários povos como mensageiros dos deuses, ou tendo a habilidade de escutar os deuses. A mãe colobo quando vai parir, afasta-se do bando e volta apenas no dia seguinte das profundezas da floresta trazendo seu filhote (que nasce totalmente branco) nas costas. O colobo é chamado em iorubá de edun oròòkun, e seus filhotes são considerados a reencarnação dos gêmeos que morrem, cujos espíritos são encontrados vagando na floresta e resgatado pelas mães colobos pelo seu comportamento peculiar.
Na África, as crianças representam a certeza da continuidade, por isso os pais consideram seus filhos sua maior riqueza.
A palavra Igbeji quer dizer gêmeos. Forma-se a partir de duas entidades distintas que coexistem, respeitando o princípio básico da dualidade.
Contam os Itãs (conjunto de lendas e histórias passados de geração a geração pelos povos africanos) que os Igbejis são filhos paridos por Iansã, mas abandonados por ela, que os jogou nas águas. Foram abraçados e criados por Oxum como se fossem seus próprios filhos. Doravante, os Igbejis passam a ser saudados em rituais específicos de Oxum e, nos grandes sacrifícios dedicados à deusa, também recebem oferendas.


Entre as divindades africanas, Igbeji é o que indica a contradição, os opostos que caminham juntos, a dualidade. Igbeji mostra que todas as coisas, em todas as circunstâncias, têm dois lados e que a justiça só pode ser feita se as duas medidas forem pesadas, se os dois lados forem ouvidos.
Na África, o Igbeji é indispensável em todos os cultos. Merece o mesmo respeito dispensado a qualquer Orixá, sendo cultuado no dia a dia. Igbeji não exige grandes coisas, seus pedidos são sempre modestos; o que espera como, todos os Orixás, é ser lembrado e cultuado.
O poder de Igbeji jamais podem ser negligenciado, pois o que um orixá faz Igbeji pode desfazer, mas o que um Igbeji faz nenhum outro orixá desfaz. E mais: eles se consideram os donos da verdade. Os gémeos Ibeji entre os iorubas, hoho e Fon são objecto de culto.
Não são nem orixá nem vodum, mas o lado extraordinário desses duplos nascimentos é uma prova viva do princípio da dualidade e confirma que existe neles uma parcela do sobrenatural, a qual recai em parte na criança que vem ao mundo depois deles.
Recomenda-se tratar os gêmeos de maneira sempre igual, compartilhando com muita equidade entre os dois tudo o que lhes for oferecido. Quando um deles morre com pouca idade o costume exige que uma estatueta representando o defunto seja esculpida e que a mãe a carregue sempre. Mais tarde o gêmeo sobrevivente ao chegar à idade adulta cuidará sempre de oferecer à efígie do irmão uma parte daquilo que ele come e bebe. Os gêmeos são, para os pais uma garantia de sorte e de fortuna.

Imagens femininas de Ibeji da Nigéria do início do século XX em exposição no Museu das Crianças de Indianápolis, nos Estados Unidos

Brasil
Existe uma confusão latente entre Ibeji e os Erês. É evidente que há uma relação, mas não se trata da mesma entidade, confundindo até mesmo como orixá. Ibeji são divindades gêmeas, sendo costumeiramente sincretizadas aos santos gêmeos católicos Cosme e Damião.
Por serem gêmeos, são associados ao princípio da dualidade; por serem crianças, são ligados a tudo que se inicia e brota: a nascente de um rio, o nascimento dos seres humanos, o germinar das plantas etc.
Seus filhos são pessoas com temperamento infantil, jovialmente inconsequente: nunca deixam de ter dentro de si a criança que já foram. Costumam ser brincalhonas, sorridentes, irrequietas, tudo enfim que se possa associar ao comportamento típico infantil. Muito dependentes nos relacionamentos amorosos e emocionais em geral, podem então revelar-se teimosamente obstinados e possessivos. Ao mesmo tempo, sua leveza perante a vida se revela no seu eterno rosto de criança e no seu modo ágil de se movimentar, sua dificuldade em permanecer muito tempo sentado, extravasando energia.
Podem apresentar bruscas variações de temperamento, e certa tendência a simplificar as coisas, especialmente em termos emocionais, reduzindo, à vezes, o comportamento complexo das pessoas que estão em torno de si a princípios simplistas como "gosta de mim" ou "não gosta de mim". Isso pode fazer com que se magoem e se decepcionem com certa facilidade. Ao mesmo tempo, suas tristezas e sofrimentos tendem a desaparecer com facilidade, sem deixar grandes marcas. Como as crianças em geral, gostam de estar no meio de muita gente, das actividades esportivas, sociais e das festas.
A grande cerimónia dedicada a Ibeji acontece a 27 de Setembro, dia de Cosme e Damião, quando comidas como caruru, vatapá, bolinhos, doces, balas (associadas às crianças, portanto) são oferecidas tanto a eles como aos frequentadores dos terreiros.


Ibeji, na nação Queto, ou Nvunji, nas nações Angola e Congo. É a divindade da brincadeira, da alegria; sua regência está ligada à infância. Ibeji está presente em todos os rituais do Candomblé pois, assim como Exu, se não for bem cuidado pode atrapalhar os trabalhos com suas brincadeiras infantis, desvirtuando a concentração dos membros de uma Casa de Santo.
É a divindade que rege a alegria, a inocência, a ingenuidade da criança. Sua determinação é tomar conta do bebê até a adolescência, independente do orixá que a criança carrega. Ibeji é tudo de bom, belo e puro que existe; uma criança pode nos mostrar seu sorriso, sua alegria, sua felicidade, seu engatinhar, falar, seus olhos brilhantes.
Na natureza, a beleza do canto dos pássaros, nas evoluções durante o voo das aves, na beleza e perfume das flores. A criança que temos dentro de nós, as recordações da infância. Feche os olhos e lembre-se de uma felicidade, de uma travessura e você estará vivendo ou revivendo uma lenda dessa divindade. Pois tudo aquilo de bom que nos aconteceu em nossa infância, foi regido, gerado e administrado por Ibeji. Portanto, ele já viveu todas as felicidades e travessuras que todos nós, seres humanos, vivemos.
A palavra Eré vem do iorubá iré, que significa "brincadeira, divertimento". Daí a expressão siré, que significa "fazer brincadeiras". O Ere (não confundir com "criança", que, em iorubá, é omodé) aparece instantaneamente logo após o transe do orixá: ou seja, o Ere é o intermediário entre o iniciado e o orixá. Durante o ritual de iniciação, o Ere é de suma importância, pois é o Ere que, muitas vezes, trará as várias mensagens do orixá do recém-iniciado.
O Ere, na verdade, é a inconsciência do novo omon-orixá, pois o Ere é o responsável por muita coisa e ritos passados durante o período de reclusão. O Ere conhece todas as preocupações do iyawo (filho), também aí chamado de omon-tú ou "criança-nova". O comportamento do iniciado em estado de Ere é mais influenciado por certos aspectos de sua personalidade que pelo caráter rígido e convencional atribuído a seu orixá. Após o ritual do orúko, ou seja, nome de iaô, segue-se um novo ritual, ou o reaprendizado das coisas, chamado Apanan.

Símbolos: 2 bonecos gêmeos, 2 cabacinhas, brinquedos;
Plantas: jasmim, maçã, alecrim, rosa
Dia: domingo e segunda-feira para nações Queto e Jeju Jexá;
Cor: azul, rosa, verde, mas na verdade gosta do colorido em si.
Metal: estanho. Seus elementos: fogo, ar.
Saudação: Omi Beijada! Bejiróó! farami sóibeji!
Domínios: parto e infância. Amor e união.
Comidas: caruru, cocada, cuscuz, frutas doces.
Animais: passarinhos.
Quizilas: morte, assobio.
Características: alegre, otimista, brincalhão, esperto, trabalhador, imaturo, birrento, voraz.
O que faz: ajuda a resolver problemas de crianças, dá harmonia na família, facilita uniões.
Riscos de saúde: alergias, anginas, problemas de nariz, raquitismo, acidentes.